Nós gastamos de dizer que somos todos iguais, mas não somos. A necessidade de igualar as coisas ao contrário de fortalecer apenas enfraquece a sociedade. Igualar é na verdade negar as diferenças eliminando os que se destacam. Nossa formação de “identidades” parte de um modelo que nos nivela por baixo. Se a educação valorizasse as aptidões e talentos individuais, se valorizasse as diferenças possibilitaria o desenvolvimento de lideranças, que hoje são escassas em todos os níveis: político, social, intelectual, artístico, corporativo, etc. Se as lideranças não são estimuladas então lideram, não quem tem potência e aptidão, mas quem é mais esperto, ou amigo do chefe, ou que angaria votos. Nem na arte, nem na política, nem nas empresas prevalece a competência, o talento, mas a esperteza, a manipulação.
A candidatura de celebridades é apenas um retrato do circo que virou o processo eleitoral, há décadas; a candidatura resulta da capacidade que o cidadão pode ter de vencer o processo eleitoral e não de seu espírito público, de sua capacidade de pensar o todo, de sua liderança e ética, de sua grandiosidade humana, de sua inteligência e visão crítica. Costumamos dizer que os políticos são todos iguais, talvez hoje a maioria seja mesmo, mas isto resulta, não da incapacidade humana de liderar com ética e responsabilidade, mas de nossa incapacidade social de estimular a formação de lideranças capazes e competentes. Em outras palavras, de um processo educativo sustentado na passividade, na submissão, na reprodução de um modelo.
Viviane Mosé